Montemuro
Eólicas e sua influência na natureza
Penso que todas as pessoas que neste fórum têm expressado a sua opinião têm certa razão umas por uns motivos, outras por outros.
De facto para mim, que sou natural da Gralheira e conheço muito bem a serra, entristece-me olhar a paisagem e ver aqueles gigantes, que nunca ali estiveram, a desvirtuar a paisagem e entristece-me principalmente, porque sei que tenho de me habituar a eles e porque, cada vez serão em maior número e nunca mais dali sairão.
Quando dos passeios à serra, nos dirigíamos ao talegre por Penacova, mal o avistávamos, este parecia-nos majestoso na sua altitude e despertava em nós o desejo íntimo de o escalarmos para de lá desfrutarmos do seu panorama. Daí se avista em dias limpos, desde a Peneda até à Estrela.
Após a montagem do primeiro parque eólico e cheio de curiosidade para ver semelhante obra, subi à serra e ao avistar o Talegre fiquei muito triste e desiludido, pois o majestoso e altaneiro talegre, não passa agora de um qualquer minorcas marco geodésico, será que o rebaixaram!! não, mas colocaram-lhe no enfiamento um aérogerador com oitenta metros de altura mais 27metros de pás, o que retira toda a imponência que ele tinha.
Em minha opinião as torres deveriam ser pintadas de acordo com a paisagem de modo a não provocarem esta agressão tão notória. Talvez azul escuro as dos cumes e verdes as que ficam nos declives.
Possivelmente esta cor é imposta por causa do tráfego aéreo, uma vez que em Espanha, também têm a mesma cor. Mas que em minha opinião está mal, está, e eu não gosto.
Sobre a poluição por elas causada é mais a sonora, a poluição dos lençóis freáticos é insignificante. Conforme referiu o senhor Manuel Ferreira, é verdade que as torres têm cremalheiras, as quais têm forçosamente de serem lubrificadas, mas hoje existem massas lubrificantes aderentes.
Estas massas são de uso generalizado em pontes rolantes nas fábricas e não têm qualquer tipo de protecção, passando constantemente sobre pessoas e equipamentos e não há derrames, ou se há são insignificantes.
Nas torres mesmo que haja algum derrame, será no seu interior mas como o chão das torres é de alguns metros de profundidade de cimento armado é difícil haver infiltrações.
Haverá sim risco sério, se o pessoal de manutenção das torres não tiver consciência ecológica e deitar os recipientes vazios para as áreas circundantes, deveremos estar atentos para esse problema e caso venha a acontecer, denuncia-lo.
Ainda sobre a poluição das águas penso que todas as fontes acima da pedreira são puras, mais até do que antigamente e porquê?
Porque antigamente vinham os rebanhos da zona da serra da Estrela para pastarem, trazendo com eles moléstias e que ao beberem inquinavam as fontes. Também algum gado morria, porque caía em buracos com água e ali se decompunham. Hoje a nossa serra é mais limpa, rebanhos não há, apenas a vigia, mas como o nº de ovelhas e cabras é reduzido, se alguma desaparece procura-se até que se encontre.
Podem todos os que escalarem a serra beber sem receio, poderão encontrar em alguma fonte, bolhas de gordura, mas é de pessoas sem educação ecológica, que para lá vão fazer piqueniques e em vez de trazerem os utensílios para casa e lavarem-nos em casa, dão-lhe uma enxaguadela na fonte.
Em minha opinião as estradas de acesso à serra deveriam ser todas barradas e só poderiam ter acesso os proprietários dos terrenos para passarem com os carros das vacas ou em piqueniques organizados. Os presidentes das juntas teriam uma chave que facultariam para o efeito.
Penso que a serra se deve manter o mais selvagem possível.
Sobre a pedreira a minha opinião, é que a solução está no seu encerramento, uma vez que não há fiscalização neste país,ou se a há, não se ve.
Aos que não sendo da Gralheira, mas que de uma maneira ou de outra gostam de cá vir, gostam das suas paisagens, das suas gentes e que tem contribuído para o seu desenvolvimento, como por exemplo o Sr. Manuel Ferreira de Gaia que contribuiu para que o telefone fosse uma realidade. (lembro-me bem da alegria que todos os gralheirenses tiveram quando da sua inauguração). Como gralheirense o meu muito obrigado a todos.
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