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Mais uma "Fresquita"
Após um interregno de três anos, por motivo de doença grave de dois elementos do grupo e do falecimento de outro, retomou-se, este ano, o jantar convívio da Turma de Cima, com as respectivas famílias e em casa aquecida pelo forno de cozer pão. Ali se lembraram os antigos caçadores, que já partiram. Esta turma já vem de tempos de antanho e tem-se baseado em duas famílias: os Botelhos e os Rodrigues, juntando-se-lhes, de vez em quando, um ou outro elemento.
Desta turma faz parte o caçador com mais idade da Serra de Montemuro, pois já conta com oitenta e um anos. É o Senhor António Rodrigues, que, mesmo apoiado numa bengala, lá vai Serra acima, deixando, na sua caminhada, "ficar mal" outros elementos mais novos. Mata sempre várias peças de caça, não ficando, assim, em último lugar.
Pena é que cada vez haja menos caça, devido aos incêndios e à falta de cultivo do centeio, o que tem levado a deixar de haver perdizes e a haver muitos menos coelhos. Pois, nesse jantar, que nós chamamos de "Fresquita", comeu-se massa com galinhola e perdiz, e, por fim, um celebrado coelho com arroz. Estava tudo uma delícia. Tudo foi regado com os melhores néctares que se puderam arranjar.
Entretanto, apareceu um grupo de jovens, a cantar as Janeiras, ou a "pedir os Reis", como se dizia antigamente, tradição que ainda se não perdeu na povoação da Gralheira. E ainda bem.
Por fim, jogou-se à sueca. Houve quatro bancadas, que entraram pela noite dentro, terminando-se só pelas três horas do dia seguinte.
Temos esperança de que no próximo ano lá estaremos todos, para mais um destes convívios salutares.
Gaia, Janeiro de 2008.
C. Botelho
Artigo publicado no Jornal Miradouro Nº1628 de 7 de Março de 2008
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