A Gralheira vale a pena
A freguesia da Gralheira, na Serra de Montemuro, como a aldeia do mesmo nome, viveu, durante muitos e bons anos, muito isolada do mundo. Hoje melhorou já muito neste e noutros aspectos, sendo um aglomerado populacional com bastante movimento, no aspecto turístico e de restauração especialmente. O dinamismo das suas gentes tem contribuído para a sua evolução e emancipação. Se dantes os lavradores, pastores e azenheiros lhe deram vida, hoje, os seus residentes, mercê de uma intervenção adequada, têm concretizado obras de recuperação patrimonial, de arruamentos e estruturas sociais, que a tornam uma terra visitada e apreciada. Os seus moinhos de água, da Fonte do Torno, do Ruço, do Adro, dos Fonsecas e de Cima, estão recuperados e a moerem, quando necessário, o cereal que os interessados para lá conduzem. O Grupo Etnográfico da Gralheira, sob a "batuta" do seu dinâmico e interessado filho, Carlos de Oliveira Silvestre, conseguiu, através do Programa Leader e da Adrimag, uma verba à volta dos 1.500 contos, que deu para que esta recuperação seja hoje uma grata realidade. E moem bem.
A Gralheira praticamente entrou no mapa mercê da decisão do Dr. António Pereira Ramalho lá ter instalado, nos primórdios do ataque à peste branca, um simulacro de sanatório, de que no local, hoje, algumas pessoas ainda se lembram.
Ganhou estatuto, dada a sua beleza rústica, os seus ares, águas e gente. Que se foi refinando através do seu pão, do seu célebre cozido, enfim, de uma gastronomia muito própria e apreciada, confeccionada pelas mãos, saber e gosto da D. Salomé, como também, pela família do Senhor Amadeu.
Hoje há dois apreciados restaurantes na Gralheira: o Recanto dos Carvalhos e a Encosta do Moinho, que atraem muitos visitantes e comensais à terra que, como freguesia, senão é a primeira em altitude é a segunda do País.
Turisticamente, conquanto alguns azares que por lá têm medrado, a Gralheira vale a pena.
M.C. Pinto
Artigo publicado no Jornal Miradouro Nº1628 de 7 de Março de 2008
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