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Mensagem não lidaEnviado: 10 out 2009, 18:14 
Ecos da Gralheira

O Montemuro animou-se com a segada do centeio

O grande investigador e escritor Amorim Girão, no estudo que fez sobre a Serra de Montemuro na primeira metade do século passado, considerou-a 'A Mais Desconhecida de Portugal". Longe das estradas, privada de acessos e de meios de comunicação, Montemuro era, de facto, desconhecida e ignorada do público das grandes cidades. Mas, não o era das gentes desta região, das gentes que nela e dela viviam, nem dos criadores de gado ovino e caprino, que, das bandas da Serra da Estrela, todos os anos para aqui mandavam os seus rebanhos, no período de Junho a Agosto.

A serra seria ignorada de gentes distantes, mas era animada pelos locais, que diariamente subiam até aos seus tronos, com vacas e rebanhos. Vinte, trinta crianças e jovens, terminadas as obrigações da escola primária, tomavam conta do seu rebanho e a serra era o seu mundo, o seu local de alegrias e tristezas, de brincadeiras e amarguras. Conheciam os nomes dos montes, todos os recantos da serra, as tocas dos lobos e das raposas, os abrigos dos coelhos, enfim, tudo lhes era familiar e conhecido. Ouviam-se os cantares das raparigas, muitas vezes para dar sinal, aos rapazes, da sua presença. Os bailaricos clandestinos eram uma constante, embora sabendo que se sujeitavam a levar uma surra dos pais, que não queriam ver as filhas em bailaricos, por causa do padre, que os proibia.

A serra seria desconhecida de outras gentes, mas tinha alegria, tinha vida, tinha voz. Eram os carros a chiar, carregados de centeio e mato; era a sinfonia dos chocalhos e campainhas, que os animais traziam ao pescoço, eram os cantares dos pastores de vacas e rebanhos que se ouviam ao longe. Em suma, era a voz da montanha!

Agora os rebanhos acabaram e com eles os pastores e os cantares. Os jovens de hoje já não sabem o nome dos montes, nem conhecem as tocas das raposas e dos lobos. As perdizes quase desapareceram e coelhos há muito poucos. A serra é apenas animada pelo ruído dos aerogeradores dos parques eólicos e pelo canto de uma ou outra ave solitária.

Na tentativa de inverter este cenário triste e desolador, a Associação de Caçadores tem semeado centeio em pequenas áreas e em diversos pontos da serra, para alimento da caça; e em colaboração com a nova Associação Recreativa e Desportiva da Gralheira e o Grupo Etnográfico, pensou-se em fazer uma segada à moda antiga, ceifando o centeio, que os caçadores tinham semeado. Oito de Agosto foi o dia combinado. Concentração às 07h30 na Eira do Adro. Muita gente aderiu a esta iniciativa. Uns vestidos a rigor, outros nem tanto, lá foram serra acima, de ceitoira ao ombro. Começaram em Campo de Bel e terminaram no Maceirão, depois de ceifarem o dos Lobatos, Penacova, Teixeira e Chão da Ouvida. Trinta e três pessoas a ceifar e três a atar. As cantigas da segada foram uma constante e os apupos, ao fim de cada quadra, ouviam-se ao longe. Parecia que tínhamos recuado meio século no tempo! Lá estava, também, a câmara de vídeo a filmar para a posteridade.

Às onze horas a ceifa estava terminada, mas a merenda ainda não estava pronta. O José Carlos e a Fátima foram os cozinheiros, mas só para o meio dia, que fora assim o combinado. Ementa: arroz de enchidos, salpicão e chouriço, uma delícia. As panelas ferviam a todo o vapor, mas o pessoal estava impaciente, com o estômago a protestar, por sentir aquele cheirinho a aguçar o apetite. Ainda antes do meio dia a merenda foi servida, em grandes prateiras redondas, antigas, algumas consertadas com gatos, colocados pelo Pogeira de Cotelo, de onde comia um grupo de quatro ou cinco, em plena harmonia e sociedade. Assim se cumpria mais uma antiga tradição. Em breve todos ficaram saciados, com o vinho a correr de copo em copo. Mas também lá estava o regador da água, porque dantes vinho não havia.
No final do repasto, muitos elogios aos cozinheiros, porque aquele arroz de salpicão, cozinhado lá na serra, estava divinal de tal modo que não sobrou nenhum.

Depois, centeio e pessoal para cima do tractor e viagem de regresso a cantar cantigas alusivas à Gralheira. Paramos na seara do José Doloroso Duarte, do Outeirão, onde o Nelson Rodrigues compareceu com o carro de vacas, para carregar o centeio e o conduzir à eira. E para que nada faltasse no que era costume, até o Nelson virou a carrada, que o pessoal teve que levantar. Assim entramos na Eira do Adro a cantar, seguidos da carrada do centeio. Depois foi a malha, com oito manguais em acção. Já poucos o sabem fazer como dantes. Mas, pancada daqui, pancada dali, lá se fez a malha, escolheu-se o colmo, arrumou-se a palha e o grão ainda encheu um saco de quatro alqueires, que vão servir para novas sementeiras. Muita gente em redor da eira. Uns por curiosidade, outros a recordar velhos tempos.

No final, música e bailarico até à meia noite. Foi um dia muito alegre, bem passado, que fez reviver usos e costumes e manter tradições. Foi uma feliz iniciativa, que certamente vai continuar no próximo ano.


Jornal Miradouro Nº1666 3ª série
Gralheira, 11 de Setembro de 2009
Carlos de Oliveira Silvestre


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