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A Casa Negra
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Autor:  Carlos Silvestre [ 10 dez 2008, 20:40 ]
Assunto da Mensagem:  A Casa Negra

A Casa Negra

Quem, na primeira metade do século passado, saía da Gralheira para oeste, passando pelo Penedo da Saúde e seguindo um caminho sinuoso, ladeado por giestais, searas, tapadas e lameiras, até ao lugar das Murganheiras, encontrava um edifício negro, de dois pisos, com paredes de granito e cobertura de telha, coisa rara nessa altura, por estas bandas, já que as casas na Gralheira eram quase todas cobertas de colmo. A sua construção remonta aos fins do século dezanove e terá sido mandado construir por um major do exército, que, sendo vítima da terrível tuberculose, aqui encontrara alívio e cura, para tão grave doença.

Um dos sobreviventes da banda de música que houve na Gralheira, entre os anos de 1922 e 1940, agora com 101 anos de idade, conta que um dia foram tocar à Casa Negra, a convite do tal Major.
O nome Casa Negra, proveio do facto de a terem pintado de preto, certamente para a isolarem das humidades, já que era de parede singela, em pedra bastante porosa. Por isso, erguia-se no meio do carvalhal como um fantasma e com histórias arrepiantes a seu respeito.

A casa era habitada só no verão. Durante o inverno, ficava abandonada e então as pessoas mais idosas, para assustarem as crianças, diziam que, no inverno, morava lá o diabo, já que pintavam este da cor da casa. A miudagem olhava o prédio de longe, como coisa tenebrosa. Certo dia, um rapazito foi mandado pelos pais, guardar as vacas numa lameira próxima da Casa Negra. O rapaz não tirava os olhos da casa, sempre a ver quando dali vinha alguma desgraça.
Nessa altura, o prédio já estava abandonado e em ruínas, sem portas e janelas. Alguém entrou dentro, subiu ao primeiro andar e do vão de uma das janelas, acenou com uma das mãos ao moço. Este, ao ver aquilo, julgou ser o mafarrico, fugiu espavorido e chegou a casa quase morto.

Depois do Major, essa casa foi ainda habitada, durante o verão, pelo conhecido engenheiro comunista Mem Verdeal, que, tendo pessoas na família a sofrer da tuberculose, aqui encontravam alívio para essa doença e também refúgio das perseguições políticas.
A casa ficava a quase um quilómetro de distância da povoação e era aqui, no povoado da Gralheira, que tinham de se abastecer dos bens alimentares. Junto à casa, no terreno envolvente, existe uma nascente de água, onde se abasteciam também. Como o engenheiro e a família não eram católicos, não baptizavam os filhos, mas a criada, uma rapariga da Gralheira de nome Isaura dizia que os filhos estavam todos baptizados, porque ela trazia-os à Igreja, deitava-lhes água-benta e dizia as palavras sacramentais:
- "Eu te baptizo em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo". Isto sem conhecimento dos pais das crianças.

A casa e o terreno foram depois vendidos a um tal Carriço da Gralheira que começou por lhe tirar a telha, para uma casa que construiu na povoação e que hoje é da sua neta Rosinda Fonseca Saraiva. Ainda é da minha lembrança haver na Gralheira apenas três casas cobertas de telha; essa, que agora é da Rosinda e mais duas, a do Sr. Pinto e a do Sr. Moisés, além da Igreja e da Capela. As restantes eram todas cobertas de colmo. Hoje, dessas, só há uma e não será por muito tempo.
As pedras da Casa Negra foram também retiradas para outras construções na povoação, restando-lhe apenas os alicerces.

O engenheiro Mem Verdeal passou depois a viver em Bigorne durante o Verão e veio a falecer poucos dias antes do 25 de Abril de 1974. Não chegou a ver a liberdade por que tanto lutou e tanto ambicionava. A criada que, segundo ela, lhe baptizou os filhos, foi algumas vezes visitá-los a Bigorne. Ia descalça até à Ponte de Gosende. Aí calçava as meias e as socas, mas como não tinha ligas para segurar as meias, atava-lhes umas vergas de giesta. Isto testemunhado por pessoas, suas companheiras de viagem.

Ainda há poucos anos, veio cá uma senhora idosa, acompanhada de uma filha, para visitar o lugar das Murganheiras, onde vivera na Casa Negra. Já não sabia o caminho e pediu a uma mulher daqui que lho ensinasse. Foram até lá e ao chegar ao local, com as lágrimas a correrem-lhe no rosto, disse para a filha:
-"Agora já posso morrer, porque já visitei o que mais queria na vida".
Foi ver a fonte, o tanque e o regato onde lavava. Era da família Verdeal, se esposa, filha, irmã, não sei. Deu 50 escudos à mulher que lhe ensinou o caminho e foi-se embora.


Jornal Miradouro Nº1646 3ª série
Gralheira, 10 de Outubro de 2008
Carlos de Oliveira Silvestre

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