Familiar de um Campeão - Trabalho apresentado por Mário Melo 12º B, que foi publicado no "Jornal Escolar" de Cinfães e no Jornal "Miradouro" e que não podia deixar de aqui, mais uma vez, deixarmos este testemunho de quanto apreço tem o Armandito para a população da gralheira.
Familiar de um campeão
Sou um jovem normal e vivo nas mesmas circunstâncias de tantos outros no nosso Portugal. Estudo, tenho os meus amigos e amigas, tenho a minha família, os meus pais, a minha irmã, os meus primos e primas, como qualquer outro rapaz, mas com um pequeno pormenor. Sou familiar de campeão Paralimpico chamado Armando Costa.
É possível que o nome não vos diga nada. Pois os Media preferem relatar a vida de inúteis actores de novelas, que eu, pessoalmente, considero anti-culturais e espécies exterminadoras do nosso espírito livre, do que apresentar ao público um herói nacional. Herói nacional que já representou a nossa Pátria em praticamente todos os continentes e espalhou os nomes de Portugal, do concelho de Cinfães e da sua freguesia natal. Gralheira, em todos os quatro cantos do mundo. Nos jogos Paralimpicos, aos quais tivemos a hipótese de assistir em formato de curtíssimos resumos e algumas poucas transmissões em directo, o meu primo Armandito, como o povo da Gralheira lhe chama carinhosamente, conseguiu, num acto de grande força de vontade e bravura, alcançar o pódio na modalidade de boccia BC3 Tenho pensado muito neste feito e no que significa para mim, mas não tenho palavras para explicar o que sinto, quando vejo a personalidade mais lutadora que eu tive o prazer de conhecer no meu ainda curto tempo de vida. É difícil imaginar, para alguém que não seja da terra, a satisfação que sinto quando me lembro das suas lutas vencidas. Lutas que começou a disputar desde cedo, logo quando os médicos lhe diagnosticaram a tal paralisia cerebral, companhia indesejada e inimiga desesperada, que sempre o tentou derrubar. Mas o Armando Costa nunca desistiu ser quem queria ser, o campeão do nosso povo, o campeão da Gralheira.
Na recepção ao Armando, na sua terra natal, não faltaram lágrimas. Mas, ao contrário do que poderia pensar-se há trinta anos atrás, não eram lágrimas causadas por pena ou por sofrimento, mas, graças a Deus e á força de vontade do nosso campeão, lágrimas de alegria e de grande orgulho, que naquele momento mágico da sua chegada á sede da freguesia da Gralheira, brotaram dos olhos de todos os presentes...Os olhos com lágrimas permaneceram ao longo do tempo em que esteve na sede. Outro momento de grande emoção a da chamada "pele de galinha quando o meu grande primo tomou a iniciativa e se dirigiu directamente ao povo da Gralheira, dizendo: "Esta medalha também é vossa". Estas palavras ficaram gravadas na minha mente e espero nunca esquecê-las. Desejo lembrar-me para sempre desta grande lição de humildade e amor pelo próximo, que o menino lindo da Gralheira deu a todos os presentes.
A verdade é que nunca ninguém imaginou que este mesmo viajasse, conhecesse pessoas de outros países ou ganhasse o que quer que fosse. Na realidade, já viajou mais do que qualquer um de nós, já conheceu tantas pessoas que ele mesmo já não consegue lembrar-se de todas e já ganhou mais do que aquilo que ele podia imaginar.
Não ganhou fortunas, nem fama, mas ganhou, para além do direito de dizer; "Eu, Armando Costa, levei a melhor contra a minha terrível inimiga", o carinho especial que todos nós, da terra sentimos e todos aqueles que conhecem o Armando sentem por ele. Para terminar, gostaria de agradecer ao meu primo por, para além de ganhar as medalhas que ganhou durante todos estes anos, conseguir permanecer fiel a si mesmo e nunca perder a sua humildade e o seu mítico sorriso, sinónimos de luta, força e ao mesmo tempo boa disposição e carinho. Armando, espero um dia ter mais para te dedicar do que umas poucas palavras que me saíram da cabeça para ilustrarem o que sinto. Tentarei também lutar contra as dificuldades, pois ensinaste-me uma coisa. 'Nada é impossível, mas é preciso trabalhar.
Mário Melo, n.'17,12° B ________________________________________________________________
A minha aventura em Pequim
Do dia 1 a 20 de Setembro, participei nos meus quartos Jogos Paralimpicos. Os primeiros realizaram-se em Atlanta, seguiram-se os de Sidney, Atenas e, por fim, Pequim. De todos os Jogos em que participei os que me impressionaram mais foram estes últimos, quer pelas condições, quer pela organização. Se, por um lado, tudo correu bem, o mesmo não se pode dizer da minha prestação, que poderia ter sido muito melhor, uma vez que apenas consegui um quinto lugar a nível individual e só em pares consegui uma medalha de bronze com o meu colega de equipa Mário Peixoto. A competição atingiu um nível muito alto, com óptimos atletas na modalidade de Boccia. Viver esta realidade fez--me crescer como homem e como atleta, retirando dela experiência para futuros Jogos, para melhorar e me aperfeiçoar cada vez mais.
Armando Costa
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