DIGA DA SUA JUSTIÇA: O PADRE ILÍDIO É CREDOR DA NOSSA GRATIDÃO E HOMENAGEM
Nascido a 10 Dezembro de 1928, na Gralheira, no seio de uma família remediada, o Padre Ilidio era o mais novo de seis irmãos - três rapazes e três raparigas. Fez aqui a instrução primária e depois entrou no seminário, vindo a ser ordenado sacerdote em Julho de 1953. Colocado numa paróquia do Alto Douro, por lá esteve alguns anos, onde era conhecido por "O ROUXINOL DO TUA", devido aos seus dotes de bom cantor. Mas, em breve regressou ao Montemuro, sendo colocado nas paróquias de Bustelo e Alhões, onde permaneceu durante muitos anos. Entretanto, a Gralheira ficou sem padre, e P.e Ilídio deixou Bustelo, ficando a paroquiar Alhões, Gralheira e Panchorra. A sua obra foi notável nestas três freguesias. Foi o principal obreiro na construção dos centros sociais e no rompimento de estradas, Deu apoio aos idosos e não só, preenchendo as folhas de descontos para a Segurança Social e o pagamento de quotas. Quando hegavam à idade de reforma, ou por invalidez, era ele quem tratava de tudo, assim como, depois, no pagamento de pensões. E quantas vezes, quando avisava, através dos altifalantes da torre, que deviam entregar-lhe o cheque, para pagamento das quotas, alguns ainda diziam:
-"Lá está o padre a pedir mais dinheiro!"
É claro que aquilo era um desabafo. Muitas vezes não tinham dinheiro, ou precisavam dele para cobrir outras despesas.
O Padre Ilídio enfrentou temporais, de chuva e neve, através da serra, quando as viagens só se faziam a pé ou a cavalo. Não era homem de guardar ódio ou rancor a quem quer que fosse. Mesmo quando se zangava, no jogo das cartas ou por causa do futebol, era coisa de pouca dura. Enquanto não fizesse as pazes não dormia descansado... Também era generoso com os mais pobres, chegando a venderlhes casas a baixo custo e até a oferecê-las, para que tivessem onde morar. Na côngrua nunca estabeleceu preço a pagar; cada um dava o que entendia e nunca exerceu represálias sobre aqueles que não pagavam.
Durante mais de três décadas foi padre desta paróquia. Deixou Alhões, quando as forças começaram a faltar-lhe, ficando apenas com Gralheira e Panchorra.
Agora, vítima de doença grave, teve que nos deixar, para ser internado no Hospital de Leiria. Saído do Hospital vive em casa do sobrinho, naquela cidade, com as duas irmãs, também mais a precisarem de ajuda do que em prestá-la. A sua casa está fechada e o seu quintal vazio. Mais uma sombra a envolver a Gralheira.
Por tudo o que ficou dito e pelo que o Padre Ilidio fez de bom, bem merece uma homenagem pública. Aqui lhe deixo a minha.
Gralheira, 11 de Outubro de 2006
Carlos de Oliveira Silvestre
"ECOS DAGRALHEIRA", Jornal Miradouro Nº 1578 de 10 de Novembro de 2006
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