A GRALHEIRA CULTURAL AINDA SOBREVIVE Terminado o verão há que fazer um balanço sobre o que de mais importante aconteceu, sobretudo a nível cultural e recreativo, nesta aldeia serrana. Os recursos são poucos, tanto financeiros como humanos. A emigração continua a levar a gente nova, porque a nossa freguesia, o nosso concelho e o nosso Pais, embora democrático, ainda não criou condições de emprego e trabalho para os seus filhos. Assim as nossas aldeias vão ficando desertas e gente nova e apenas com uma população envelhecida. Os emigrantes partem, não por vontade própria, mas por necessidade, levando na bagagem sonhos e ambições por uma vida melhor, mas também muitas saudades. Quando regressam, de férias, é uma alegria; e são eles, no pouco tempo que cá estão, que animam e ajudam a dar vida cultural à Gralheira. Há três anos consecutivos que realizam a festa do Emigrante e ajudam a pôr em actividade o Rancho Folclórico da Gralheira. Sem a sua participação não seria possível continuar.
Também são eles que, em parte, dão trabalho aos poucos que cá ficam a trabalhar na construção civil, ao mandarem construir as suas casas.
O Grupo Etnográfico da Gralheira, pelos motivos já mencionados, teve a sua actividade bastante limitada. Cantou as Janeiras, nesta aldeia, como é de tradição e iria fazê-lo também em Cinfães, se a neve não o tivesse impedido. Realizou o seu primeiro cortejo etnográfico e o seu 17' festival de folclore. Colaborou na organização da feira anual e lutas de bois. A convite do Rancho de Fafel - Lamego, realizou uma malha de centeio com manguais, integrada no dia das tradições, nas festas daquela cidade. Dez homens, cinco de cada lado, mostraram como dantes se malhava e os sacrifícios que nossos pais e avós tiveram de fazer, para comerem um pedaço de pão. Houve ainda o convívio nas lameiras da Feiteira, com os amigos do Porto. O passeio e convívio anual ao cima da serra não se realizou, devido ao mau tempo. Outras festas e convívios realizaram-se no Centro Social.
A Festa da Padroeira, Nossa Senhora da Graça, teve lugar no primeiro fim de semana de Agosto e decorreu com o brilho e afluência a que já nos habituou. Parabéns aos mordomos pelo empenho e trabalho que dedicaram à causa da festa. Sabemos que tiveram problemas difíceis a resolver, como o da licença do fogo, a falta de padre, devido à doença do SR. Padre Ilídio e até a falta de luz na noitada, que deixou o recinto de festas às escuras. Tudo souberam superar em devido tempo e ainda apresentaram saldo positivo nas contas da festa.
A Gralheira continua a ser visitada por muita gente, atraída pela sua beleza, gastronomia e bons ares. Não admira que os dois restaurantes tenham, muitas vezes, a lotação esgotada! Já não se vê tanto lixo no chão, sobretudo no parque de merendas, sinal de que as pessoas vão sendo mais limpas e civilizadas.
O outono chegou, a piscina está aberta e o ribeiro já canta entre fragas e amieiros, as folhas das árvores vão ficando amarelas e em breve o vento, em remoinhos constantes, as lançará por terra. Chega o inverno e com ele a neve a envol ver o povoado, montes e vales.
Tudo dorme e descansa.
Gralheira, 12 de Outubro de 2006
Carlos de Oliveira Silvestre
"ECOS DE MONTEMURO" Jornal Miradouro Nº 1579 de 17 de Novembro de 2006