UM HOMEM BOM
Ao ti Manelzinho da Gralheira
Nasceu e cresceu sem ir à escola,
Por lição só conheceu o trabalho,
Teve como pena¹ sempre a sachola
E como aquecimento o borralho.
Fez contas toda a vida de cabeça,
Registou na memória o que aprendeu,
Nunca teve livro que se conheça,
Nem caderno, pois nunca escreveu.
O seu mundo foi a terra onde viveu
Cuidando dos amanhos e das vacas
Das guerras nem sequer se apercebeu.
Amou tanto a Gralheira onde nasceu,
que a magia da árvore das patacas
Nunca o cativou... E ali morreu!
¹ Utensílio com um bico para escrever
Ernesto R.C. Ferreira
Porto 14/11/1998
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